12 de maio de 2024

Mulher de Ribeirão Preto diz estar há 6 meses com pano no intestino após parto

Com febre e fortes dores abdominais, a dona de casa de 34 anos começou a eliminar parte do pano na noite do último dia 11; cesárea foi feita em setembro


Por Folhapress Publicado 24/03/2022
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Uma mulher de Ribeirão Preto (SP), diz estar há 6 meses com um pedaço de pano no intestino após fazer um parto. A cesariana foi realizada em setembro, na rede estadual de saúde.


Com febre e fortes dores abdominais, a dona de casa, de 34 anos, começou a eliminar parte do tecido na noite do último dia 11.

Ao procurar a emergência da instituição, uma médica teria tentado remover o material manualmente, mas foi preciso encaminhar a paciente para exames e procedimentos sob anestesia no Hospital das Clínicas.

PANO NO INTESTINO APÓS PARTO


O laudo do HC entregue à família confirma que a paciente foi admitida no departamento de ginecologia e obstetrícia do hospital por “suspeita de corpo estranho se exteriorizando pelo ânus.”


A tomografia feita na região do abdômen e da pelve indicou “sinais de extenso processo inflamatório” no reto com suspeita de perfuração e sugestão de “dilatação tubária.”

Mulher de Ribeirão Preto diz estar há 6 meses com pano no intestino após parto
Foto: Redes Sociais

O exame proctológico e a anuscopia foram feitas sob anestesia e a paciente foi liberada em seguida por estar em bom estado clínico.


O marido dela diz que os médicos extraíram um pedaço do pano do intestino, mas não todo o tecido.


A paciente registrou boletim de ocorrência no dia 15. Seu marido disse que está em busca de um advogado que aceite acionar judicialmente a maternidade.

INVESTIGAÇÃO


O delegado responsável pela denúncia civil, Ricardo Turra, não pôde comentar a situação, mas a Central de Polícia Judiciária Integrada afirmou que a investigação se houve erro da equipe de saúde está em andamento.


A Mater (Centro de Referência da Saúde da Mulher de Ribeirão Preto), por meio de nota da Secretaria de Estado da Saúde, disse que abriu sindicância “para apurar todos os detalhes da assistência prestada à paciente” e que “tomará as providências cabíveis se constatada qualquer falha assistencial.”


A instituição acrescentou que “a paciente foi prontamente acolhida por equipe multidisciplinar” e continua “recebendo cuidados”.


O casal tem cinco filhas; uma de 12 anos, uma de 9, uma de 5, uma de 3 e a bebê de 6 meses que nasceu em 30 de setembro na Mater.


No pós-parto da caçula, a equipe da Mater não teria solicitado nenhum exame, segundo o marido, e receitado apenas o uso de dipirona, medicamento para dor.


Ainda de acordo com o marido, ela começou a sentir dores em janeiro.


Quando uma ponta do tecido foi expelida em março e ficou presa para fora do corpo da mulher é que o casal procurou a maternidade novamente, mas a médica não conseguiu remover o objeto. Eles chegaram às 13h ao hospital; a transferência para o HC aconteceu à noite.


O HC confirmou a alta da paciente, mas declarou que devido ao “sigilo dos dados médicos de seus pacientes” não pode comentar “casos específicos, mesmo se judicializados”. Afirmou ainda que “as informações pertinentes” serão prestadas “às autoridades competentes, quando assim demandado”.


Em nota, o Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) disse “que, até o momento, não foi notificado oficialmente sobre o caso”, mas que uma denúncia pode ser feita pessoalmente na sede do conselho (rua Frei Caneca, 1.282, Consolação) ou nas delegacias regionais e ainda pelo correio, desde que não seja anônima.