14 de maio de 2024

Bolsonaro diz que está 99% fechado com PL, partido do deputado Miguel Lombardi

A declaração foi dada à CNN Brasil. Segundo a TV, o presidente disse ainda que a "chance de dar errado [a negociação] é zero".


Por Folhapress Publicado 09/11/2021
 Tempo de leitura estimado: 00:00
Bolsonaro PL
O presidente Jair Messias Bolsonaro – Foto: Marcelo Camargo (Agência Brasil)

O presidente Jair Bolsonaro disse nesta segunda-feira (8) que está “99% fechado” para se filiar ao PL, partido do deputado limeirense Miguel Lombardi e presidido por Valdemar Costa Neto.


A declaração foi dada à CNN Brasil. Segundo a TV, o presidente disse ainda que a “chance de dar errado [a negociação] é zero”.


Segundo o chefe do Executivo, na quarta-feira (10) haverá reunião para tratar dos últimos detalhes com Valdemar e, em seguida, “marcar a data do casamento”.


No início da noite, na frente do Alvorada, Bolsonaro falou a apoiadores sobre a filiação ao PL. “Talvez saia nesta semana aí”, afirmou. A conversa foi transmitida na internet por um site bolsonarista.


Se for confirmada a ida de Bolsonaro ao PL, esta será uma vitória de auxiliares palacianos defensores da tese de que o partido era o mais propenso a deixar a base do governo em 2022. Com isso, o presidente pode evitar eventual debandada.


O temor desses interlocutores é que, se Bolsonaro não se filiasse, a legenda poderia coligar com os ex-aliados do PT. Tanto no PL quanto no PP, há resistência em diretórios estaduais, em especial no Nordeste, a apoiar o presidente na eleição.


Ministros como Onyx Lorenzoni (Trabalho e Previdência) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-Geral) defendiam a ida de Bolsonaro para o PL.

ARTICULAÇÕES


O presidente da legenda, Waldemar Costa Neto, ex-aliado do PT, condenado e preso no esquema do mensalão, confirmou a filiação pouco depois.


Em áudio enviado a um assessor nesta segunda-feira, a que a reportagem teve acesso, Valdemar disse que Bolsonaro tem conversado com os três principais partidos da base de sustentação dele no Congresso – PP, PL e Republicanos – para que todos sejam atendidos.


Ele disse ainda que já avisou Ciro Nogueira, ministro da Casa Civil e líder do PP, sobre a decisão do presidente.


“Hoje ele me informou que falou com o Ciro [Nogueira] e com os outros partidos. Temos que nos entender para que todos sejam atendidos. Política é isso. Hoje o PP tem a presidência da Câmara, amanhã, vamos querer ter essa presidência. Tem a eleição do Arthur e nós vamos apoiar? E depois de nós, vai vir o PRB (Republicanos), todos temos que crescer. Não pode ficar para trás. Se temos um grupo temos que estar unidos”, disse Valdemar.


“Ele [Bolsonaro] falou comigo que falou com o Ciro hoje e o Ciro entendeu. Vamos tocar para frente o assunto e vamos entender quando vamos fazer essa filiação”, continuou.


Discreto, o presidente do PL fez, na semana anterior, um gesto considerado agressivo em termos de articulação política, ao divulgar um vídeo convidado Bolsonaro e seus apoiadores a se filiares na legenda.


No dia anterior à gravação, Bolsonaro havia enviado uma mensagem a Valdemar dizendo que estava decidido a migrar para a sigla. O dirigente partidário esperava que ele anunciasse a decisão no dia da divulgação do vídeo, o que não ocorreu.


Na ocasião, o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) agradeceu ao convite, mas disse continuar conversando também com o partido de Ciro Nogueira.

PALANQUES REGIONAIS PODEM TER DIVISÃO ENTRE PL E PP


Um dos acordos tanto com o PL como o PP, que Bolsonaro vinha conversando, prevê que o presidente possa influenciar na escolha dos candidatos ao Senados em estados-chave.


No próximo dia 19, Bolsonaro fará dois anos sem partido, desde que pediu desfiliação do PSL.


Nas últimas semanas, o PP e o PL intensificaram as negociações com o presidente.


​Como o jornal Folha de S.Paulo mostrou, os dois partidos do centrão devem compor a chapa presidencial, um filiando o chefe do Executivo, e o outro, o vice.


Este é o acordo que vem sendo discutido pelas cúpulas das duas legendas e por auxiliares palacianos.


Caso se confirme a ida do clã ao partido de Valdemar, caberia ao PP sugerir um nome para disputar a Vice-Presidência em chapa com o mandatário.


O nome do ministro-chefe da Casa Civil costuma ser ventilado para o posto, mas interlocutores dizem ainda ser cedo para discutir nomes.


Além do mais, caberá mesmo ao próprio Bolsonaro escolher com quem concorrerá a eleição, ainda que venha a ser do PP. Pode ser, inclusive, alguém que ainda não esteja filiado, segundo interlocutores de Nogueira.


Ainda que, reservadamente, todos deem como certa a ida de Bolsonaro para o PL, dirigentes dos dois partidos evitam dar certeza publicamente. O presidente já mudou de ideia em outros momentos.

FILIAÇÃO PODERÁ SE CONFIRMAR NO DIA 22, NÚMERO DA LEGENDA DO PL


Se confirmada a filiação de Bolsonaro, integrantes do PL defendem fazer o evento no próximo dia 22, cuja data coincide com o número do partido.


Aliados do presidente brincam que um dos slogans possíveis para a eleição do ano que vem pode ser “em 22, vote 22”, já que este será o número que o eleitor deverá digitar na urna se quiser votar em Bolsonaro.


Vice líder do governo no Senado, Wellington Fagundes (PL-MT), entretanto, disse a jornalistas no Palácio do Planalto que o “PL nunca foi de fechar questão”, questionado sobre a possibilidade de o partido todo embargar na candidatura do mandatário.


“Temos as diferenças regionais muito grandes, acredito que é possível sim ter coligações diferentes, até porque na legislação não tem verticalização”, completou.


De acordo com o senador haverá uma reunião no próximo dia 17 com todos os presidentes estaduais para discutir aspectos regionais, “mas todos estão [recebendo] de forma muito receptiva a todos os simpatizantes e aliados do Bolsonaro”.


Além disso, Fagundes disse esperar receber ao menos mais 20 deputados na janela partidária com a filiação do mandatário.


Por fim, Lorenzoni, inclusive, já afirmou a aliados que vai para o PL independentemente da decisão de Bolsonaro.
Onyx também já buscou articular a formação de uma federação de PP e PL, possibilidade descartada hoje por dirigentes das duas siglas.