09 de maio de 2024

Campinas faz megaoperação na primeira noite sob toque de recolher

Serviços como supermercados, padarias, lojas de conveniências e drive-thru só poderão funcionar depois das 5h e antes das 20h. Já os serviços de delivery, farmácias e postos de gasolina não terão restrição no horário de funcionamento. O mesmo vale para táxis e motoristas por aplicativo.


Por Folhapress Publicado 19/03/2021 Atualizado 22/03/2021
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Campinas faz megaoperação na primeira noite sob toque de recolher
CAMPINAS, SP, 18.03.2021 – Policiais durante blitz na avenida José de Souza Campos (Norte-Sul), por conta do toque de recolher em Campinas, no interior do estado de São Paulo. A cidade de Campinas declara toque de recolher à partir das 20h desta quinta, com previsão de multa a quem participar até de festas familiares que reúnam mais de dez pessoas. (Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress)

A primeira noite de toque de recolher em Campinas (SP) foi marcada por uma grande operação com centenas de militares e guardas nas ruas, nesta quinta-feira (18). A reportagem acompanhou parte de uma operação comandada pela Secretaria Municipal de Segurança Pública e também circulou em bairros considerados “críticos” pela administração.


A entrada em vigor da medida -a nunciada na última terça-feira (16) pelo prefeito Dário Saadi (Republicanos) como meio de conter o avanço da Covid-19- coincidiu com o recorde de mortes em 24 horas na cidade: foram 30, somando o total de 2.095. O recorde anterior era de 14 de julho de 2020, com 26 óbitos.


O toque de recolher, válido das 20h às 5h, prevê a criação de barreiras sanitárias para controlar a circulação de pessoas, além de multas e até detenção para quem não comprovar que atua em atividades essenciais, como hospitais e farmácias, ou para quem promover aglomerações.


Serviços como supermercados, padarias, lojas de conveniências e drive-thru só poderão funcionar depois das 5h e antes das 20h. Já os serviços de delivery, farmácias e postos de gasolina não terão restrição no horário de funcionamento. O mesmo vale para táxis e motoristas por aplicativo.


Segundo o secretário de Segurança Pública, Christiano Biggi, nos primeiros dias não serão aplicadas punições financeiras a quem estiver circulando sem motivo. “Temos os mecanismos para multar se houver necessidade, mas a nossa intenção não é essa. Queremos que a população cumpra o toque de recolher”, explicou.


Notas fiscais de farmácias, postos de gasolina e mercados podem ser usados como comprovantes, assim como atestados médicos de consulta e documentos emitidos pelos empregadores serão permitidos. “Mas também acreditamos na boa-fé da pessoa, que ela está falando a verdade”, complementou o secretário.


Caso a multa seja aplicada, será solicitado o CPF do morador, e uma punição administrativa será registrada em um sistema específico criado pela prefeitura. Em flagrantes de festas clandestinas, a multa, de aproximadamente R$ 3,5 mil, será aplicada ao organizador do evento.


Para marcar o início do toque de recolher, a prefeitura fez uma grande operação, saindo da avenida Norte-Sul, próxima ao bairro Cambuí, conhecido pela vida noturna agitada.

Veículos eram parados e motoristas, questionados sobre os destinos. Alguns que não estavam usando máscaras eram orientados sobre a obrigação do artefato.


Mais de 100 guardas municipais, policiais militares e civis e agentes da prefeitura faziam parte de uma das equipes, que percorreu as ruas da região central da cidade.


A reportagem percorreu alguns pontos do bairro boêmio, mas não encontrou locais que descumpriam as medidas.
Outra frente atuou no distrito do Ouro Verde, local onde tem havido grande concentração de festas clandestinas durante o fim de semana.


O transporte coletivo foi alterado. Das 300 linhas de ônibus que circulam na cidade, a maioria passou a circular apenas até 21h. A reportagem não encontrou pontos lotados.


Nesta quinta-feira, Campinas tinha 95,53% dos leitos de UTI ocupados, um total de 385. Havia apenas uma vaga disponível no Hospital de Clínicas da Unicamp, administrada pelo governo estadual. Na rede municipal, não há leitos disponíveis. Já nos hospitais particulares, são 17 vagas, mas voltadas aos pacientes dos planos de saúde.


A Rede Mário Gatti, responsável pela administração das unidades públicas de saúde de Campinas, decidiu suspender, de 1º de abril até 31 de maio, férias, licença-prêmio, abonos e compensação de jornadas dos servidores que atuam na rede.


A medida atingirá cerca de 2,5 mil funcionários concursados que atuam no Hospital Municipal Mário Gatti, no Hospital Ouro Verde e nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).


“A suspensão poderá ser aplicada também, em caso de necessidade, aos servidores contratados emergencialmente por meio de regime administrativo especial”, argumentou a administração.


Nesta semana, Saadi reuniu prefeitos de cidades da região metropolitana de Campinas para discutir a possibilidade de um lockdown regional -única medida que, para o prefeito, seria eficaz.


Apesar de alguns governantes serem a favor da ideia, todos preferiam esperar até esta sexta-feira (19) para decidir sobre o tema, aguardando os primeiros resultados da semana útil de fase emergencial determinada pelo governo estadual.