28 de março de 2024

‘Nenhum consumidor brasileiro está sendo intoxicado’, diz ministra da Agricultura sobre agrotóxicos

"Não podemos aterrorizar os consumidores brasileiros e muito menos os consumidores externos, dos mais de 162 países que importam a produção brasileira", declarou Tereza Cristina


Por Folhapress Publicado 06/08/2019
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A ministra Tereza Cristina (Agricultura) afirmou nesta terça-feira (6) que “nenhum consumidor brasileiro está sendo intoxicado” por agrotóxicos. 
“Não podemos aterrorizar os consumidores brasileiros e muito menos os consumidores externos, dos mais de 162 países que importam a produção brasileira”, declarou Tereza Cristina.

A ministra convocou nesta terça uma conversa com jornalistas para rebater críticas de que o governo Jair Bolsonaro estaria afrouxando as regras de controle de agrotóxicos no país ou mesmo liberando novas substâncias em quantidade recorde.

Ela negou essas críticas e disse que os produtos aprovados pelas agências do governo que tratam do tema passam por um rigoroso processo de controle.
“O que eu fico indignada é passar para a população que nós estamos colocando prato com comida envenenada. Isso é um desserviço ao Brasil”, argumentou Tereza Cristina. 

“Estamos incomodados com o fato de um tema tão complexo e técnico ter se transformado no combustível de uma guerra política. A imagem do nosso país está sendo denegrida de uma maneira que de vez em quando é até leviana”, disse.
De acordo com ela, não é correta a percepção de que a população brasileira estaria exposta a riscos de saúde em razão do uso excessivo de defensivos agrícolas.
“Nenhum registro [de agrotóxico] tramitou só em 2019, portanto não pode [ter sido] aprovado só no governo Bolsonaro”, justificou a ministra.
   
Segundo o ministério da Agricultura, a média de tempo necessário para a concessão de um registro de pesticida no país é de quatro anos.

“Se criou um entendimento -pelo menos a gente tem visto- que a aprovação de mais produtos é ruim. Mas é ao contrário. São produtos mais eficientes e menos tóxicos. Nós temos que continuar aprovando mais produtos”, afirmou. 

A ministra esteve acompanhada por pesquisadores e por diretores de organismos que participam do processo de registro ou de controle de agrotóxicos no Brasil, como a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
O governo também defendeu as novas regras de classificação de agrotóxicos no país, que reduziram o número de produtos considerados “extremamente tóxicos” à saúde de 702 para 43.

Renato Porto, diretor da Anvisa, disse que o objetivo da nova norma é deixar na classificação de extrema toxicidade apenas aqueles que trazem risco de letalidade para o produtor, removendo dessa classificação os itens que podem ter consequências menos graves, como corrosão na pele e opacidade da córnea. 
O número de classes que um produto pode ser enquadrado passou de quatro para seis, de acordo com o diretor. Com isso, ele disse que o agricultor terá informações mais precisas nos rótulos para avaliar qual substância utilizar. “O agricultor vai ser melhor comunicado”, afirmou.

“O que mudou são os critérios para classificação de extremamente tóxicos. Eles não levam mais a irritação cutânea, apenas letalidade”, acrescentou Porto.
Ele também disse que a Anvisa está trabalhando numa revisão de metodologia para melhorar o processo de revisão de agrotóxicos que estão no mercado, possibilitando a retirada de itens considerados de alta toxicidade.

Tereza Cristina anunciou ainda que o governo prepara um decreto para melhorar a fiscalização e capacitação dos agricultores que aplicam os defensivos agrícolas.

A ideia, segundo a pasta, é envolver sindicatos rurais, associações de classe e cooperativas para a capacitação dos produtores que aplicam os agrotóxicos -casos de contaminação ocorrem principalmente em razão de erros no manejo dessas substâncias, de acordo com o ministério.