Como os pequenos negócios de Piracicaba e região podem lidar com a inadimplência dos clientes no início do ano?
Consultor do Sebrae-SP explica como evitar problemas financeiros por falta de pagamento

No início do ano surgem muitas contas a pagar: impostos de imóveis e veículos, licenciamento, seguros, materiais escolares, rematrículas… Com isso, a população tende a priorizar o que pagar e a taxa de inadimplência pode subir – o que impacta diretamente os pequenos empresários. Conforme o consultor de negócios do Sebrae-SP, Eduardo Mercadante, o empresário deve estar preparado neste momento para evitar grandes prejuízos.
Inadimplência no começo do ano
Para isso, é preciso sempre considerar um percentual de perda a ser somado aos custos da empresa, seja por defeitos, furtos ou inadimplência dos compradores. Em qualquer um desses casos, ele pode não receber o dinheiro pelo produto ou serviço vendido. “Quando o empresário vende e não recebe ali no momento da compra, seja no dinheiro ou no cartão, ele está concedendo um crédito ao cliente. É preciso ter cuidado ao conceder esse crédito”, explicou.
O crédito neste caso é todo tipo de venda que a empresa vai receber depois que o produto ou serviço já foi fornecido, e o cliente recebe essa espécie de “crédito” para efetuar a compra e fazer o pagamento posterior. Ou seja, são vendas “fiadas”, com crediários da própria loja, com cheques e outros.
Mercadante afirma, ainda, que no início do ano as pessoas normalmente estão com mais contas a pagar e, com isso, a inadimplência tende a subir. Por isso, ele recomenda tomar cuidado dobrado e avaliar cuidadosamente cada caso. O consultor listou algumas dicas para que os empreendedores reduzam os riscos ao fornecer crédito:
Avaliar a matemática financeira, o histórico e a capacidade de conceder crédito da empresa. Tudo deve ser estudado cuidadosamente. Em alguns casos, deixar de conceder crédito pode ser uma boa opção – e isso deve ser avaliado individualmente conforme a realidade de cada empresa.
Sempre que possível, trabalhar com cartão de crédito, débito ou dinheiro – o que garante mais segurança nas vendas.
Se optar por vender “fiado”, definir um limite de crédito por cliente: “Por exemplo, se o cliente pode ter até R$ 100 de crédito e já tem uma conta “pendurada” nesse valor, ele só pode comprar mais se fizer o pagamento”, afirmou Mercadante.
Avaliar a capacidade moral e o histórico de cada cliente – se for preciso, o empresário pode consultar o score dos clientes e avaliar, baseado nisso, se vai ou não fazer um crediário, por exemplo. “Se a venda for de um valor alto, a investigação deve ser ainda mais detalhada. Neste caso, o empresário pode usar como apoio alguma plataforma que avalia as pendências no CPF”, completou.
Considerar que sempre vai haver um percentual de quebra e um risco ao conceder crédito – e verificar se a empresa está apta a correr esse risco ou não.
O uso de contratos
Outra forma de se proteger e reduzir os riscos ao conceder crédito, é trabalhar com contratos, segundo o consultor do Sebrae-SP. “Vale tanto para o setor de serviços, quanto para o comércio. Este documento deve conter todas as informações, incluindo sobre as formas de pagamento e eventuais juros e multas em caso de atraso”, diz.
O empresário pode trabalhar com um formato padrão de contrato de prestação de serviços e utilizar para todas as transações comerciais que fizer. Ou, caso seja do setor de comércio, pode optar por usar um modelo de contrato em vendas maiores ou até usar nota promissória. “O importante é ter algum documento que garanta os seus direitos”, finaliza o consultor.